Ao longo da história, as mulheres têm ocupado um papel social que é moldado por estruturas patriarcais que limitam as possibilidades de performance de sua identidade e impõem expectativas restritivas sobre seu comportamento. A construção do conceito aceito de feminilidade reflete as normas culturais dominantes em cada época e a influência das relações de poder do sexo masculino sobre o feminino.
Judith Butler, filósofa e teórica sobre gênero, defende que os ideais de gênero são construídos socialmente, ou seja, refletem padrões repetidos e classificados como de um gênero ou outro. A feminilidade foi historicamente associada às mulheres, mas não deve ser confundida como algo natural ou inato.
Simone de Beauvoir em seu livro “Segundo Sexo” nos propoe uma reflexão sobre a condição da construção dos ideais de feminilidade baseados na relação com o homem, onde este, é o positivo e o neutro e a mulher é o negativo. Colocando luz ao fato de como a sociedade é construída por e para os homens, e a mulher esteve e está em um lugar em que é esperado a submissão.
Com o avançar dos anos, e após inúmeras lutas do feminismo, direitos importantes foram conquistados, mulheres passaram a acessar espaços que não eram antes permitidos, conquistaram autonomia, e tiveram o reconhecimento de igualdade de direitos entre gêneros. Porém, os avanços não escapam de ameaças modernas.
No Brasil, uma onda conservadora no campo político ameaça direitos conquistados, bem como endossa uma cultura misógina, uma vez que corrobora com uma visão estereotipada do papel da mulher na sociedade, devendo manter-se “recatada e do lar” para ser digna de respeito. Por isso, é importante permanecer vigilante e ativo, desafiando as estruturas de poder patriarcais.
Os direitos conquistados foram importantes para iniciar uma transformação na lógica de funcionamento da sociedade, entretanto, ainda hoje não são suficientes para assegurar a plena igualdade entre os gêneros. Uma barreira cultural profundamente enraizada ainda precisa ser enfrentada, muitas mulheres enfrentam diariamente diversos tipos de violência e discriminação apenas pelo fato de serem quem são. As intersecções entre gênero, raça e classe são necessárias para aprofundar o tema e compreendê-lo com toda a sua complexidade.
Referências:
BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Tradução de Sérgio Milliet. 4.ed. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1970.
BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
Artigo: Eduarda Correa
Publicado: Danyela Silva
Revisão: Edgard Varis
Imagem: Internet
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