Nos enganamos quando pensamos em nós mesmos como indivíduos, é uma ideia completamente errônea acreditar que existimos por nós mesmos. O indivíduo é uma ilusão. Você pode estar se perguntando: mas eu me conheço tão bem, sei minha essência, eu sou EU. A essência do ser humano é ser social. O ser humano desde seu nascimento necessita do outro para se constituir, e conforme vai se desenvolvendo ao contrário do que muitas vezes pensamos, essa dependência jamais se dissipa. Tudo o que fazemos, fazemos em sociedade. Sentimos a partir do olhar do outro, até a forma que nos alimentamos está dentro de certa lógica social e não biológica. Não nos alimentamos apenas quando sentimos fome, por exemplo. Nossa alimentação é baseada no âmbito social, impactando no horário que iremos realizar as refeições, o tipo de alimentação também se constitui conforme nossa cultura.
Pensando na nossa rotina já podemos observar o quanto a vivência do outro impacta em nossa própria. Se nos levantamos de nossas camas, vamos até a caixa do correio, dedicamos nosso dia aos hobbies ou ao trabalho. Até a atividade mais individualista que se pode imaginar, seja tomando seu café da manhã e lendo um bom livro, ou assistindo sua série favorita. Quando faz aquela tarefa que julga imprescindível, que precisa ser feita, como escovar os dentes ou tomar seu banho quentinho. Do outro lado do globo existe alguém com uma outra rotina, com obrigações totalmente diferentes das suas. Isso ocorre pois todas as nossas atividades rotineiras são sócio-históricas. Elas se compuseram de acordo com a sociedade, cultura a qual estamos inseridos.
O EU não existe por si mesmo. O ser humano é um ser que realiza sua humanidade na sua relação com os demais. Vivemos de maneira socializada, intersubjetiva. Segundo Martin Buber, a intersubjetividade é a capacidade do ser humano de se relacionar com o seu semelhante.
Segundo a Teoria de Aprendizagem Social (sociocognitiva) as pessoas aprendem em um contexto social, através da observação e imitação de modelos. Ou seja, aprendemos observando o outro. As crianças escolhem um modelo a ser imitado, um dos pais, por exemplo. E o comportamento específico que a criança imita vai depender do que é valorizado pela cultura. (Papalia, 2006)
Seja recorrendo às teorias, ou mesmo refletindo de maneira empírica, é evidente o poder do outro no desenvolvimento humano.
REFERÊNCIAS
ÁVILLA, Antonio Laszlo. Grupos, a perspectiva Psicanalitica. Vínculo v.4 n.4. São Paulo. Dez, 2007
BRAZELTON, T.B & CRAMER, BG. As primeiras relações. São Paulo: Martins Fontes, 1997
PAPALIA, Diane E. & OLDS, Sally Wendkos. Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: Artmed, 2006
Artigo: Stefanie Robles do Amara
Publicado: Maíra Paschoal
Revisão: Daniela Ramela Gama
Imagem: internet
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