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O Quarto de Jack

Foto do escritor: ligapsisocial9ligapsisocial9


O filme retrata uma mãe (Joy) que foi sequestrada ainda adolescente e mantida em cativeiro por 7 anos dentro de um quarto pequeno e sem janelas. Durante esse período era abusada sexualmente pelo Velho Nick, o homem que mantivera Joy no local. Engravidou do mesmo, nascendo o filho (Jack) e criando-o com uma rotina limitada a comer, brincar e arrumar o espaço em que habitavam. Mesmo o filho nascendo fruto de um estrupo, Joy não rejeitou o menino surgiu um sentido para continuar vivendo, “ A mãe suficientemente boa, como afirmei, começa com uma adaptação quase completa às necessidades do bebê” (WINNICOTT, 1971/1975, p. 25) e protegia do conhecimento da realidade presente, evitando a todo momento do garoto entender o contexto em que se encontram, escondendo o mundo afora, ensinando apenas sobre o que era visto no ambiente.


Então, Jack via o quarto como a única realidade que existia, tendo alguns objetos dentro

deste quarto, ratos, aranhas e uma Televisão acreditando que tudo que era produzido na tela não passava de algo surreal e inexistente para seu mundo. Reflete na alegoria da caverna de Platão, onde prisioneiros em uma caverna escura via a luz de fora refletida sobre a parede e acreditavam que aquela era a verdadeira e única realidade, sem saber que eram apenas projeções de uma parte da realidade distorcida. Como não tinha acesso ao mundo exterior e nem sabia da existência de outras possibilidades, a única referência para ensinar os conhecimentos de mundo era sua mãe, que tornou-se sua mediadora.


“Se o conhecimento só pudesse ser adquirido por meios dos efeitos das

próprias ações, o processo do desenvolvimento cognitivo e social seria

enormemente retardado, para não dizer excessivamente entediante”

(BANDURA, 1986)


A mãe o ensina o filho com fantasias e brinquedos para prepará-lo ao mundo real e

utilizando assimilações que poderiam ajudar na fuga. A mãe criou um vínculo seguro e

confiante com o menino, Winnicott e Rousseau “enfatizam a importância da relação

estabelecida entre mãe-bebê para que o bebê ganhe confiança e segurança, desta forma enfrentando o mundo que o cerca.” (MARTINS, 2009).


Conseguindo sair do cativeiro o processo de adaptação foi extremamente difícil para ambos, Jack com uma realidade de uma vastidão e por ter crescido em um cativeiro ativou a “síndrome de reclusão” que consiste no conceito que o indivíduo encontra dificuldades no mundo exterior e na interação social com um choque cultural, ansiedade e medos do desconhecido, pois tudo que conheceu era o pequeno quarto onde vivia. Sua mãe também enfrenta dificuldades de adaptação tendo um TEPT (Estresse Pós Traumático) começando a ver flashbacks lembrando de todo o ocorrido e do abuso sexual que passou durante os anos no cativeiro e chegando a uma depressão, culpa por não ser uma mãe boa o suficiente e ter criado o filho em um ambiente adverso, ao ponto da mesma apresentar ideações suicidas. O TEPT pode causar danos emocionais no indivíduo encontrando adversidades para que possa chegar a um estado saudável nas suas relações com o mundo exterior recém inserido. Jack, fica ao lado dela nesses momentos e corta o cabelo dele como símbolo de força para que ela

fique bem e possa se recuperar do trauma.


Contudo, a experiência de Jack e sua mãe ao sair do cativeiro pode ser compreendida através de diferentes perspectivas durante e após a transição para o mundo exterior, causando desconexão, medo do desconhecido, necessidade de se adaptar rapidamente, culpa e responsabilidade materna por parte da mãe por não poder dar uma vida normal ao filho e o suporte necessário para essa adaptação e readaptação para lidar com as complexidades emocionais dessa transição.



REFERÊNCIAS


BANDURA, Albert. Teorias da personalidade: aprendizagem. pg 330. 2015.


KUSIAK, Sandra Mara. XAVIER, Angela. UMA ANÁLISE DA COMUNICAÇÃO

MÃE-BEBÊ EM ROUSSEAU E WINNICOTT. Universidade de Passo Fundo. 2012.

Disponível: https://periodicosibepes.org.br/index.php/reped/article/view/1211/654


PLATÃO. A República. Introdução, tradução e notas de Maria Helena da Rocha Pereira. 9

ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2001.


SANTOS, Eduardo Ferreira. Transtorno do estresse pós-traumático em vítimas de sequestro.

Disponível: <https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=j9uROjLbF kC&oi=fnd&pg=PA13&dq=estresse+pos+traumatico+sequestro&ots=Jvj3STo1zK&sig=12VCTQs5sOotdt4eshYniUUDYY8#v=onepage&q=estresse%20pos%20traumatico%20sequestro&f=false>



Artigo: Sara Santos de Jesus

Publicado: Fanie Amaral

Revisão: Daniela Ramela Gama

Imagem: Internet


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