O termo heteronormatividade foi instituído na década de 1990 pelo teórico social Michael Warner, para determinar o sistema de ideias que padronizam a sexualidade e regulam o modo como a sociedade contemporânea está estruturada, em um padrão de normalidade heterossexual. A heteronormatividade impõe como os sujeitos devem viver seus desejos e expressar suas sexualidades, e além de tudo, como devem habitar seus próprios corpos.
Essas normatizações relacionadas ao gênero e orientação sexual dos indivíduos limitam os corpos e as experiências de sujeitos não-heteronormativos.
Os impactos sociais da heteronormatividade são amplos e afetam diferentes esferas da vida.
Um dos principais impactos é a criação de um ambiente hostil e excludente para pessoas não heterossexuais. A heteronormatividade impõe normas rígidas de comportamento, papéis de gênero e expectativas sociais, levando à discriminação e à marginalização daqueles que não se encaixam nesses moldes. Isso resulta em um ambiente onde a homofobia, bifobia e transfobia são perpetuadas, causando danos emocionais e psicológicos significativos às pessoas LGBTQIAP+.
Estar em desacordo com tais normas impostas em todos os âmbitos sociais é
uma das principais fontes de conflitos internos e externos de quem faz parte da comunidade LGBTQIAP+, criando-se uma grande pressão para se encaixar no padrão imposto.
Há uma grande influência nas instituições sociais, como o casamento, a família e a educação, desconsiderando as multiplicidades de vivências em nossa sociedade.
De acordo com o psicoterapeuta Adilon Harley, além de afetar diretamente as pessoas LGBTQIAP+, afeta também pessoas de acordo com as normas hétero-cis, pois há uma reafirmação de valores e comportamentos nocivos em qualquer relação humana, não ditando apenas que o ‘normal’ é a atração pelo sexo oposto, mas pelos papéis sociais que cada sexo desempenha. Nessa dinâmica de casal, acabam sendo reforçados estereótipos de gênero como atrelar a mulher à submissão, ser emocionalmente e financeiramente dependente, cuidadora; e o homem ser o provedor, desapegado, pegador, o “machão”.
Além disso, a heteronormatividade influencia os espaços públicos e a cultura de maneira geral. Ela molda a narrativa dominante sobre o amor, o romance e a sexualidade, estabelecendo padrões e expectativas restritivas. Essa influência cultural pode ser observada na mídia, na publicidade, na literatura e em outras formas de expressão artística, onde relacionamentos e identidades heterossexuais são constantemente privilegiados, enquanto outras formas de amor e desejo são ignoradas, estigmatizadas ou fetichizadas.
REFERÊNCIAS
O impacto da heteronormatividade compulsória nas escolhas afetivas. Imaginie.
08 mai. 2023. Disponível em:
<https://www.imaginie.com.br/temas/o-impacto-da-heteronormatividade-compulsoria>
AXTHELM, Bianca D’Avila. A HETERONORMATIVIDADE E SEUS IMPACTOS:
Uma análise das vivências de mulheres na construção de suas identidades sexuais. São
Paulo, 2018.
REIS, Cristina Roberta da Silva. TEIXEIRA, Sara Angélica. MENDES, Bárbara Gonçalves.
Heteronormatividade: Implicações Psicossociais para Sujeitos Não-Heteronormativos.
Revista de Psicologia Social, Faculdade Ciências da Vida.
SANTOS, Daniel Kerry dos. ANDRADE, Laís Gonçalves de. (RE)ELABORANDO
SENTIDOS SOBRE A POLIATRAÇÃO: OS EFEITOS DA
HETERONORMATIVIDADE NA CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES DE
MULHERES BISSEXUAIS CISGÊNERO. Universidade do Sul de Santa Catarina
(Unisul), 2020.
Artigo: Fanie Amaral
Publicado: Andréia Pinheiro
Revisão: Daniela Ramela Gama
Imagem: internet
Assunto de suma importância, e bem escrito. Parabéns