Ao longo da história brasileira o debate sobre a exclusão social vem ganhando novos campos de investigação, houveram várias afirmativas sobre a exclusão social (sobre a ótica funcionalista) como pertencente ao processo de harmonia e da estabilidade social para o funcionamento da sociedade, e que nos anos 60 e 70, o problema da pobreza se justifica somente por uma desorganização transitória, e aqueles que se adaptassem melhor ganharia melhores espaços, (época do êxodo rural brasileiro).
Posteriormente, nos anos 80, os estudos passaram a ver a questão da exclusão social constituinte do sistema produtivo capitalista e as populações marginais surgem da acumulação de riqueza, caracterizando a cidadania por meio da sua localização territorial.
Com o capitalismo privilegiando muitos interesses privados, descaracterizando bairros e expulsando moradores indesejados aqueles interesses, a exclusão aparece aí como um não acesso aos benefícios da urbanização, trazendo luz a um outro fator, a segregação urbana e como fruto dessa urbanização excludente, a periferização das classes populares.
O sistema de acúmulo funciona, aqueles já excluídos, estigmatizados por viverem em condições extremamente ruins em consideração do que se refere aos padrões sociais, e os que estão incluídos cuja condição é precária, permitindo que um exército de reserva exista e que os segmentos que acumulam possa se beneficiar de uma mão de obra superexplorada, mas como que isso atinge os processos psicológicos?
Para a psicologia social, com a explicação da identidade social (sentimento de pertencimento a um grupo ou sociedade) onde os valores e crenças se sobrepõe e o sentimento de incompatibilidade entre os interesses do grupo, existem dois mediadores principais dessa exclusão: os estereótipos e o preconceito. O preconceito como julgamento sem exame prévio, baseado nessas identificações do grupo e o estereótipo como as representações sociais que simplificam a complexidade de sua compreensão, em outras palavras, é o processo de simplificação próprio de um grupo.
Diante disso, a caracterização social se firma em sua diferenciação e exclusão daqueles que não há pertencem, pensando nisso, chego a um outro ponto, se a exclusão se instaura a um estereótipo negativo sobre as classes populares, especialmente sobre jovens periféricos da cidade de São Paulo, como manter representações positivas de mim, em uma sociedade que me discrimina? Qual sofrimento é para o jovem excluído, cujo a expressão de quem o excluiu é somente desprezo e medo ? Como isso legitima a aplicação da violência e da punição severa?
A convivência da dualidade social (pobres x ricos) gera distorções nas percepções uns dos outros na grande metrópole, justamente pela sua dimensão gigante, e aí surge a necessidade de algum instrumento que expanda as nossas compreensões populares, o nome desse instrumento é rádio, TV e jornal (órgãos de comunicação).
Esse instrumento, além da informação, traz consigo outro fator determinante, a propaganda, é quem financia essa veiculação da informação, gerando percepções estereotipadas e cheias de preconceito, associando sempre a pobreza com a violência.
Dentro dessa dimensão, que não proporciona novas identificações e que reconhece o diferente como desigual, gerando um medo da desordem e da perda de patrimônio de quem a possui.
A polícia aparece como grande exterminador contra esses segmentos sociais, daquele que se desconfia, que a impunidade aos mesmos que executam essa violência, e que os meios de comunicação não são neutros caracterizando uma certa população como perigosa, culpabilizando os pobres pela violência através das imagens e palavras, tornaram rótulos (favelados, criminosos, viciados, perigosos) ridicularizando a existência dessa população.
Nota-se diante de todo este texto, que essa organização excludente e empenhada nessa exclusão social, que contribui para a riqueza de quem acumula e a desigualdade social é gritante e injusta, portanto cabe a psicologia social contribuir ainda mais (e não negligenciar) a compreensão dos mecanismos de exclusão e combatê-los através do apoio e organização em políticas públicas para a classes marginalizadas, e na atuação essencial na promoção de saúde e desenvolvimento da criticidade referente a posição social de quem é excluído.
REFERÊNCIAS
SAWAIA, Bader et al; As artimanhas da exclusão: Análise psicossocial e ética da desigualdade social; 14. ed; Petrópolis, RJ; Vozes; 2014.
RODRIGUEZ, Eva Maria; A teoria da personalidade de Theodor adorno; disponível em: https://amenteemaravilhosa.com.br/teoria-da-personalidade-autoritaria-theodor-adorno/
ALVES, Eliseu Roberto de Andrade.; SOUZA, Geraldo da Silva; MARRA, Renner. Êxodo e sua contribuição à urbanização de 1950 a 2010. 2011; Revista de política Agrícola, Brasília, ano 20, n. 2, pag. 80-88 , Abr./Maio./Jun./2011.
Artigo: Gabriel do Nascimento Brito
Publicado: Andréa Crispim
Revisão: Daniela Ramela Gama
Imagem: internet
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