O Dia do Gordo, conhecido também como o Dia de Luta Contra a Gordofobia ou Dia da Visibilidade à Luta Antigordofobia, não possui uma origem certa em sua criação que, possivelmente, veio dos Estados Unidos (EUA). Inicialmente esse dia era utilizado como forma de fomentar a patologização dos corpos gordos, ridicularizando essas pessoas e atrelando-as a coisas ruins.
Então, em 2017, militantes da capital baiana, por meio do Movimento Vai Ter Gorda, levantaram essa problemática sobre representações sociais impostas às pessoas gordas, que as colocam em lugares subjugados, de exclusão, chacota e doença. Decidiram, a partir disso, ressignificar a data no Brasil, expondo a necessidade de trazer um novo olhar, positivo, dando o protagonismo e valorização aos corpos gordos.
O QUE É A PATOLOGIZAÇÃO DOS CORPOS GORDOS?
Segundo Malu Jimenez, doutora em Estudos de Cultura Contemporânea pela Universidade Federal de Mato Grosso, a patologização refere-se associar os corpos gordos a doença, ou seja, a obesidade. Por isso, ela e diversos pesquisadores propuseram uma revisão desse olhar equivocado, que é um dos pilares do estigma, do preconceito, da violência e da exclusão.
As pessoas gordas sofrem de diversos mecanismos de exclusão, que vão desde relacionamentos afetivos, passando pelo acesso a saúde, acessibilidade, transporte e mercado de trabalho. As manifestações são diversas e muitas vezes ocorrem desde a infância, sendo alvos de violências, como o bullying, por exemplo.
Os estereótipos que essas pessoas são associadas são cruéis, como preguiça, falta de cuidados pessoais e higiene, constrangendo e tirando a sua humanidade. Por muitas vezes, esses atributos fazem com que a pessoa tenha uma visão distorcida de sua identidade, levando-a a problemas alimentares graves, como bulimia e anorexia, em busca de um padrão estético imposto socialmente. Além disso, outros problemas podem ocorrer neste processo, como depressão, ansiedade e fobia social.
A obesidade pode ser um fator prejudicial à saúde, mas isso, não significa, necessariamente, que uma pessoa com uma constituição física maior, tenha alguma enfermidade, inclusive, algumas pessoas magras também possuem problemas de saúde.
As pessoas gordas têm o direito a cuidar de sua saúde sem serem negligenciadas, pois, muitas vezes, sofrem descaso de profissionais da saúde, que já atribuem um diagnóstico sem que seja realizado qualquer exame.
Em estudo publicado pela revista Psychological Science, a gordofobia aumenta em 60% o risco de morte dessas pessoas, que muitas vezes entram em um ciclo de não-cuidado para evitar os constrangimentos a que são expostas.
Por isso, se faz necessário, que a gordofobia seja combatida, através da conscientização, acolhimento e com políticas públicas, que as tratem com respeito, dignidade e humanidade.
Precisamos falar mais sobre isso!
FONTES:
Artigo: Daniela Ramela Gama
Publicação: Murilo C. R. da Silva
Supervisor: Gabriel de Souza Silva (@gabrielssilva_psi)
Imagem: internet
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